COVID-19 Pesquisa

UFABC – Estratégias de pesquisa em enfrentamento à Covid-19: a ação da UFABC como uma resposta à pandemia

24 Mai 2022

A Pandemia da Covid-19 trouxe marcas profundas ao Brasil e exigiu novos procedimentos, tecnologias e abordagens diferenciadas. A UFABC se envolveu de forma ativa em estratégias de enfrentamento à pandemia, como exemplo, a criação de um Comitê no combate ao coronavírus. Esse Comitê tem apoiado uma série de ações transversais; alcançado respostas rápidas no âmbito da pesquisa e inovação; e desempenhado boas práticas frente sua representatividade social.

INTRODUÇÃO

A ciência desempenha um papel crucial na sociedade, e desde o final de 2019 busca por soluções para a pandemia. A Universidade Federal do ABC (UFABC) com sua vocação natural vocação e missão institucional de pesquisa, extensão e inovação, criou o Comitê da UFABC contra o coronavírus (Covid-19) ou simplesmente Comitê Covid. Por meio de editais, esse Comitê financia projetos de pesquisas ao enfrentamento à Covid-19, e após três chamadas públicas, foram registrados mais de 60 projetos. Tais propostas destinam-se, desde o desenvolvimento e produção de equipamentos de proteção individual (EPIs), o comprometimento em ações de apoio e serviços comunitários, bem como, o mapeamento e monitoramento da pandemia contando com a participação de docentes, técnicos administrativos e discentes da Universidade. No que se refere às demandas dos seus proponentes, houve um intenso trabalho junto aos órgãos públicos das esferas federal e estadual, bem como aos parlamentares da bancada federal paulista e da região, visando o aporte de recursos para tais ações. Envolvendo-se de forma muito ativa, a própria UFABC destinou recursos de seu orçamento para fomentar parte destas iniciativas como estratégia de enfrentamento (1). Os projetos são transversais e contemplaram sempre mais de uma componente ligado à extensão, pesquisa e inovação. Então, o agrupamento das atividades não foi trivial. Analisaremos agora algumas ações de enfrentamento onde o componente pesquisa é bastante preponderante.

DESENVOLVIMENTO

Dentre as estratégias de enfrentamento à Covid-19, foi pesquisado formas de tratamento da doença usando dois agentes terapêuticos: o óxido nítrico (NO) e o sulfeto de hidrogênio (H2S) em materiais nanoestruturados. O NO e o H2S estão no interior de células humanas em pequenas quantidades e têm importância em muitos processos biológicos, como ação antiviral e a indução da ventilação pulmonar em tecidos lesionados. Sistemas de liberação desses agentes são desenvolvidos em materiais nanoestruturados e podem ser manufaturados na forma de bandagens ou tecidos antimicrobianas ou géis que possuem uma maior penetração nos tecidos biológicos, ambos para acelerar a cicatrização. Produtos inalatórios para as vias aéreas também podem ser construídos, com nanopartículas biocompatíveis que podem atuar diretamente no pulmão de pacientes com a Covid-19 (2). Outros projetos atuam no estudo da interação do vírus com materiais nanoestruturados, visando a inativação viral em dispositivos de auto desinfecção como luvas, máscaras e filtros e o desenvolvimento de testes diagnósticos rápidos (baseados em anticorpos e RNA viral) (3). Outra linha de pesquisa são os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Dentre os EPIs temos a peça semifacial filtrante (PFF) utilizada para proteção dos profissionais de saúde, que estão na linha de frente no atendimento à população. A Anvisa classifica as PFFs em PFF1, PFF2 e PFF3, sendo que para a proteção de aerossóis (partículas menores que gotículas contendo agentes biológicos), deve ser utilizada a PFF2, equivalente à máscara N95. A escassez de PFFs foi uma realidade, mesmo nos países desenvolvidos e várias iniciativas foram tomadas para a esterilização de máscaras N95. Assim, foi produzido o DELUX, um dispositivo de esterilização por luz ultravioleta C (UVC), uma fora rápida, de baixo custo e segura, capaz de esterilizar máscaras N95, propiciando sua reutilização e minimizando os riscos de contaminação. Essa tecnologia está em desenvolvimento com a Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e há uma empresa interessada na sua comercialização (4). A utilização de luz UVC tornou-se um tema de interesse. Outra forma de sua utilização foi uma caixa esterilizadora que permitisse ao usuário a desinfecção de objetos cotidianos (celulares, relógios, chaves, etc). Nesse sentido surgiu o BURN, esterilizador de baixo custo que utiliza radiação UVC. Atentando à simplicidade para tornar o produto acessível, o BURN consiste em uma caixa revestida internamente com papel alumínio para otimizar a reflexão dos raios UVC. Com baixo custo e alta eficiência, diminui o tempo de exposição necessário dos objetos em seu interior. Como uma tecnologia para usuário doméstico, o BURN foi contemplado com o segundo lugar no Prêmio de Inovação do Instituto Fleury, categoria Tratamento e Prevenção. Isso permitiu que mais pessoas conhecessem o projeto. Existe um material de apoio que apoia e explica o seu uso (5). Também tivemos projetos voltados ao atendimento emergencial da Covid-19. Um equipamento chave é o ventilador pulmonar, dispositivo de suporte à vida usado em UTIs. No início da pandemia, o Brasil necessitava de 20.000 ventiladores, porém, a produção nacional era de algumas centenas. A oferta internacional desses equipamentos estava comprometida, muitos países buscavam sua compra e outros os confiscavam quando em seus territórios. A alternativa foi a automatização da bolsa de ressuscitação AMBU (Artificial Manual Breathing Unit). O dispositivo desenvolvido, chamado de AraPlus (Ara, é “ar” em Tupi), tem o projeto aberto e disponível ao público. O protótipo foi desenvolvido pelos pesquisadores e docentes com recursos próprios. Posteriormente, contou-se com o apoio da Ventisilva (metalúrgica de ventiladores industriais) e recursos do Comitê Covid. Finalmente, o AraPlus também recebeu o fomento internacional da IEEE (Institute of Electrical and Electronics) (6). Essas iniciativas mostram a resposta rápida da universidade em seu papel social.

CONCLUSÃO

Atividades de pesquisa têm sido promovidas pela comunidade universitária da UFABC em todas as áreas de conhecimento. Reforçam mais uma vez, o papel fundamental da ciência na compreensão dos fenômenos e na proposição de soluções, aos mais diversos problemas. Embora entendamos que, a “expertise” em nossa universidade nem sempre possa ser replicada, a dinâmica do Comitê Covid para apoio a projetos de enfrentamento, sem dúvida pode. Dito isso, entendemos que fica ainda evidente o papel essencial da educação, da ciência, da tecnologia e da inovação para a sociedade.

Referências

1. Carvalho, W.A. et al. Pesquisa ABC, n. 27, p. 5-6, 2021.
2. Alves, W.A. & Souza, J.A. Pesquisa ABC, n. 27, p. 56-58, 2021.
3. Dominguez, C.M.; Pieretti, J.C.; Seabra, A.B. Pesquisa ABC, n. 27, p. 7-10, 2021.
4. Lombello, C.B. et al. Pesquisa ABC, n. 27, p. 11-15, 2021.
5. Ratti, A.C. et al. Pesquisa ABC, n. 27, p. 26-29, 2021. 6. Camargo, E.D.L.B. et al. Pesquisa ABC, n. 27, p. 39-42, 2021.

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