Há quatro anos era lançada a primeira edição do Ranking de Universidades Empreendedoras (RUE), promovido pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores – Brasil Júnior, com o objetivo de transformar as universidades brasileiras por meio de novos estímulos para a educação superior, torná-las universidades mais empreendedoras.
O debate acerca da educação empreendedora cresceu muito nos últimos anos, sobretudo diante de uma demanda de mercado que, cada vez mais, valoriza profissionais que possuem, muito além do conhecimento técnico, competências que, segundo o Fórum Econômico Mundial são essenciais para o sucesso do profissional do futuro. Contudo, como uma educação empreendedora auxiliaria no desenvolvimento dessas competências? O que o empreendedorismo teria a acrescentar na educação superior brasileira?
O segundo episódio do nosso Podcast Universidades Empreendedoras abordou o tema “Educação e Empreendedorismo – Qual a relação?” e contou a com presença de duas referências nacionais no assunto:
- Profa. Dra. Rose Mary Almeida Lopes, Vice-Presidente da ANEGEPE – Associação Nacional de Estudos de Empreendedorismo e de Gestão de Pequenas Empresas. Mestre e Doutora em Psicologia Social pela USP, onde desenvolveu pesquisa acerca de competências e tipos psicológicos de empreendedores. Autora e organizadora de diversos livros sobre educação empreendedora. Foi também Coordenadora do Núcleo de Empreendedorismo da ESPM.
- Leandro Costa, Head do WE do Wadhwani Foundation Brasil. Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo e Inovação, com linha de pesquisa sobre o pensar e o agir do empreendedor, estratégias de ensino e avaliação. Ex-Coordenador do Centro de Empreendedorismo do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), campus de Lorena/SP.
Segundo a Prof. Rose Lopes, o ensino de empreendedorismo muitas vezes é visto como aquele focado na abertura de novos negócios pelos estudantes, conceito esse tradicional e que não está errado, mas que evoluiu com as pesquisas a respeito da aprendizagem empreendedora. Dessa forma, ao invés de valorizar-se apenas as competências cognitivas e as ferramentas tecnicistas, passou-se então a abordagem da “aprendizagem fazendo”, através sobretudo de projetos, que, por sua vez, podem possuir as mais diversas finalidades, como, a título exemplificativo, afinal o leque de opções é vasta, as Empresas Juniores, que permitem uma formação mais ampla e que desenvolvem as chamadas competências empreendedoras.
Prof. Rose reforça ainda que educação empreendedora não é oferecer uma disciplina na grade que se relaciona com empreendedorismo, assim como oferecer uma disciplina amarrada à visão de plano de negócios. Uma excelente boa-prática citada é a da PUC-Rio, em que os estudantes podem selecionar trilhas de educação empreendedora com disciplinas e atividades que fomentam o desenvolvimento das competências, aproximando-os do mercado, da comunidade, integrando-os e engajando-os ao ecossistema empreendedor universitário.
Na concepção do Leandro, a educação empreendedora precisa ser vista dentro do escopo da inovação acadêmica, afinal essa precisa integrar o DNA da Instituição de Ensino Superior (IES), ou seja, a instituição precisa estar emergida em uma cultura empreendedora, que alcance não apenas os alunos, mas todos os dirigentes. Nessa linha de raciocínio, Leandro cita uma das maiores referências em educação empreendedora, a Babson College, que é um excelente exemplo de instituição que respira o empreendedorismo e, não necessariamente, focam unicamente no desenvolvimento de novos negócios, mas sim, por exemplo, no ensino para a gestão de empresas familiares, no desenvolvimento do intraempreendedorismo e empreendedorismo social.
Gostaria de conferir o bate-papo na íntegra? Clique no player abaixo! O Podcast Universidades Empreendedoras também já está disponível nas principais plataformas de streaming.
Artigo escrito por Alvaro Garcia
